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A Habitação Acessível Está a Desaparecer: O Alarme do Mercado Imobiliário em Portugal

A procura por uma casa em Portugal tornou-se, para muitos, uma verdadeira odisseia. Os preços continuam a subir a um ritmo que os salários não conseguem acompanhar, e a cada dia que passa, parece que as opções mais acessíveis se desvanecem. Um estudo recente do portal Idealista, divulgado pela CNN Portugal, confirma esta tendência alarmante: entre 2020 e 2025, a oferta de casas à venda até 200 mil euros caiu uns impressionantes 73%. Na "Linha Base", vamos mergulhar nesta transformação profunda do mercado imobiliário português, entender o que está a acontecer e o que esta realidade significa para quem sonha em ter uma casa.

ATUALIDADEIMOBILIÁRIO

11/28/2025

brown apartment building
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O Desaparecimento da Habitação Acessível: Números Que Chocam

Os dados do Idealista são claros e preocupantes:

  • Queda Drástica: Em apenas cinco anos, o número de casas à venda até 200 mil euros reduziu-se em quase três quartos (73%). Este segmento, que antes era a porta de entrada para muitas famílias no mercado, tornou-se praticamente residual.

  • Escalão Intermédio Também Afetado: Mesmo o patamar entre 200 mil e 300 mil euros registou um recuo significativo de 32% na oferta.

  • Crescimento do Luxo: Em sentido contrário, a oferta de casas entre 400 mil e 500 mil euros aumentou 37%, e os imóveis acima dos 500 mil euros dispararam 42%.

Isto significa que o mercado está a deslocar-se rapidamente para segmentos de preço mais elevados, deixando uma lacuna enorme para a maioria das famílias portuguesas.

Onde o Fenómeno é Mais Evidente?

Embora seja uma tendência transversal a todo o país, este desaparecimento da habitação acessível é mais acentuado em cidades com maior procura e dinamismo económico, como:

  • Funchal: Apenas 1% do stock de casas em 2025 estava abaixo dos 200 mil euros (era mais de 25% em 2020).

  • Lisboa: 2% da oferta abaixo dos 200 mil euros (era mais de 10% em 2020).

  • Faro: 3% da oferta abaixo dos 200 mil euros (era mais de 10% em 2020).

  • Porto: 5% da oferta abaixo dos 200 mil euros (era mais de 25% em 2020).

Nestas cidades, os imóveis acima de 500 mil euros já dominam o mercado, representando mais de 60% da oferta local. Mesmo em cidades do interior, onde a habitação era tradicionalmente mais barata, a presença de imóveis "premium" está a crescer.

Porquê Esta Transformação?

Este cenário é o resultado de uma combinação de fatores que têm vindo a ser discutidos na "Linha Base":

  • Procura Externa e Investimento Especulativo: A atratividade de Portugal para investidores estrangeiros e a procura por alojamento local e turismo de curta duração têm pressionado os preços para cima, especialmente nas grandes cidades e zonas turísticas.

  • Custos de Construção: O aumento dos preços dos materiais e da mão de obra encarece a construção de novas casas, tornando-as mais caras desde o início.

  • Burocracia e Licenciamentos: A lentidão nos processos de licenciamento atrasa a colocação de nova oferta no mercado.

  • Inflação e Juros: Embora não diretamente ligada à oferta, a inflação e as taxas de juro elevadas reduzem o poder de compra das famílias, tornando as poucas casas acessíveis ainda mais difíceis de adquirir.

  • Desadequação da Oferta: As novas construções e as casas que chegam ao mercado tendem a ser de tipologias maiores e com acabamentos de luxo, visando um segmento de mercado com maior poder de compra.

O Que Significa Para Si e Como Navegar Neste Mercado?

A conclusão do Idealista é clara: Portugal aproxima-se de um cenário dominado por preços de luxo, e a habitação acessível está a desaparecer. Para quem procura casa, esta realidade exige uma abordagem ainda mais estratégica e informada:

  1. Reajuste as Suas Expectativas: É fundamental ser realista sobre o que o mercado oferece dentro do seu orçamento.

  2. Alargue a Sua Pesquisa: Considere zonas limítrofes às grandes cidades ou cidades de menor dimensão, onde os preços ainda podem ser mais acessíveis.

  3. Avalie o Arrendamento: Para muitas famílias, o arrendamento pode ser a única opção viável no curto e médio prazo. Veja-o como uma forma de estabilizar as suas finanças enquanto poupa para uma futura compra.

  4. Considere a Reabilitação: Comprar um imóvel mais antigo para reabilitar pode ser uma forma de aceder a uma casa a um custo total mais controlado, embora exija tempo, paciência e um bom planeamento.

  5. Planeamento Financeiro Rigoroso: Mais do que nunca, é crucial ter um orçamento detalhado, poupar o máximo possível para a entrada e estar preparado para os custos adicionais da compra.

  6. Esteja Atento a Apoios: Mantenha-se informado sobre programas de apoio à habitação, tanto a nível nacional como municipal, que possam surgir para facilitar o acesso à habitação.

A crise da habitação é um dos maiores desafios que Portugal enfrenta. Compreender a dinâmica do mercado, especialmente o desaparecimento da oferta acessível, é o primeiro passo para tomar decisões financeiras informadas e tentar encontrar o seu lugar neste cenário desafiador.

Aviso Legal: Este artigo tem um caráter meramente informativo e educacional. Não constitui aconselhamento financeiro, recomendação de investimento ou qualquer tipo de decisão financeira. O objetivo é fornecer conhecimento para que o leitor possa tomar as suas próprias decisões de forma mais informada e consciente. Consulte sempre um profissional qualificado antes de tomar qualquer decisão financeira importante.