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Como a Inflação afeta o Poder de Compra

A inflação é um dos conceitos económicos mais falados — mas também um dos mais incompreendidos. Afeta diretamente o dia a dia de todos nós, mesmo que não estejamos atentos às notícias económicas. Quando os preços sobem, o valor real do nosso dinheiro diminui. Mas como isso acontece na prática e o que pode fazer para se proteger?

DICAS

8/10/2025

fan of 100 U.S. dollar banknotes
fan of 100 U.S. dollar banknotes

A inflação é um tema que está constantemente presente nas notícias e nas conversas do dia-a-dia, especialmente em períodos de instabilidade económica. Mas, apesar de ser um conceito conhecido, nem todos compreendem profundamente como ela realmente afeta o seu bolso.
Na prática, inflação significa que o seu dinheiro compra menos do que antes — e isso impacta desde a sua ida ao supermercado até as suas poupanças para a reforma.

O que é a inflação?

A inflação é definida como o aumento generalizado e sustentado dos preços de bens e serviços ao longo do tempo. É medida, em Portugal, principalmente pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC), que acompanha um conjunto fixo de produtos e serviços que representam os hábitos de consumo médios das famílias.

Quando este índice sobe, significa que, em média, os preços aumentaram.
Por exemplo:

  • Se no início do ano um cabaz de compras custava 100€, e um ano depois custa 103€, a inflação anual foi de 3%.

  • Este aumento parece pequeno, mas ao longo dos anos o efeito é acumulativo, fazendo o dinheiro perder valor real.

Principais causas da inflação

A inflação pode ter múltiplas causas, e muitas vezes elas atuam em conjunto. Entre as mais comuns estão:

1. Inflação de procura

Quando a procura por produtos e serviços é maior do que a capacidade de oferta do mercado. Isso normalmente acontece em períodos de crescimento económico, quando as famílias têm mais rendimento disponível.

2. Inflação de custos

Quando os custos de produção aumentam — por exemplo, devido à subida dos preços das matérias-primas, energia ou transporte. As empresas repassam esses custos para o consumidor final.

3. Inflação importada

Países que dependem de importações podem ver os preços internos subirem devido ao aumento dos preços internacionais ou à desvalorização da moeda.

4. Política monetária e fiscal

Quando há excesso de dinheiro em circulação ou políticas de juros muito baixos, pode haver incentivo ao consumo e ao endividamento, pressionando os preços.

Como a inflação afeta o seu poder de compra

O conceito de poder de compra refere-se à quantidade de bens e serviços que o seu rendimento consegue adquirir.
Quando a inflação sobe e os salários não acompanham este aumento, há uma perda direta no poder de compra.

Exemplo prático:
Imagine que o seu salário líquido é de 1.000€ e permanece igual durante um ano em que a inflação é de 5%.
No final desse ano, para comprar os mesmos produtos e serviços que antes, precisaria de 1.050€. Ou seja, perdeu o equivalente a 50€ por mês em valor real, mesmo sem qualquer alteração no seu rendimento.

Impactos visíveis no dia-a-dia

A inflação afeta praticamente todos os aspetos da vida financeira. Entre os mais evidentes estão:

  1. Supermercado — Produtos alimentares são altamente sensíveis à inflação, principalmente frutas, legumes, carne e peixe.

  2. Energia — Luz, gás e combustíveis sofrem aumentos frequentes ligados aos preços internacionais.

  3. Transportes — Bilhetes de autocarro, metro e comboio tendem a subir com os custos de operação.

  4. Habitação — Tanto rendas como prestações de crédito à habitação podem ser afetadas.

  5. Poupanças — O dinheiro guardado perde valor real se não render acima da inflação.

Como calcular o impacto da inflação no seu orçamento

Saber o número da inflação é importante, mas mais relevante é entender quanto ela pesa na sua realidade.

Passo a passo:

  1. Liste as suas despesas mensais — Alimentação, habitação, transportes, energia, lazer, etc.

  2. Aplique a variação média de preços — Por exemplo, se a inflação anual foi de 4%, multiplique cada despesa por 1,04.

  3. Compare com o seu rendimento — Veja se o aumento de preços foi acompanhado por aumento de salário ou outras fontes de rendimento.

Com este exercício, vai perceber rapidamente onde está a perder mais poder de compra.

Estratégias para proteger o seu poder de compra

A inflação não pode ser evitada, mas é possível adotar medidas para reduzir o impacto:

1. Negociar aumentos salariais

Baseie o pedido em dados concretos do seu desempenho e da inflação acumulada.

2. Investir com rentabilidade acima da inflação

Poupanças em contas à ordem praticamente não rendem. Considere:

  • Certificados do Tesouro indexados à inflação

  • Fundos de investimento diversificados

  • Ações de empresas sólidas que repassem aumentos de preços

3. Diversificar fontes de rendimento

Rendimentos extra, como freelancing, negócios paralelos ou arrendamento de imóveis, ajudam a compensar perdas.

4. Reduzir despesas não essenciais

Reveja subscrições, serviços que não utiliza e desperdícios no consumo.

5. Aproveitar promoções e descontos

Planeie compras e faça stock de produtos não perecíveis quando estiverem em promoção.

O efeito da inflação a longo prazo

Muitos subestimam o impacto da inflação porque pensam apenas nos aumentos anuais. Mas ao longo de 10 ou 20 anos, a erosão do valor do dinheiro é enorme.

Exemplo:

  • Inflação média de 3% ao ano

  • 1.000€ hoje terão um poder de compra equivalente a cerca de 553€ daqui a 20 anos, se o rendimento não acompanhar.

Inflação e investimento

Embora a inflação seja vista como um inimigo, para investidores preparados ela também pode trazer oportunidades. Empresas que conseguem repassar custos para o consumidor e setores ligados a commodities tendem a beneficiar.
Além disso, investir em ativos reais, como imóveis ou ouro, pode servir como proteção contra a perda de valor monetário.

Conclusão: agir é a melhor defesa

Ignorar a inflação é aceitar perder dinheiro todos os anos sem perceber.
A chave está em:

  • Monitorizar o seu orçamento

  • Procurar rendimentos acima da inflação

  • Adaptar hábitos de consumo

Proteger o seu poder de compra é essencial para manter e melhorar a sua qualidade de vida, especialmente em períodos de instabilidade económica.

Dica final: Mesmo pequenas ações consistentes — como renegociar contratos, investir regularmente e reduzir desperdícios — têm um grande impacto acumulado a longo prazo.