Como Conseguir a Melhor Taxa num Crédito Habitação
Comprar casa é um dos maiores compromissos financeiros que a maioria das pessoas assume na vida. Uma diferença de apenas algumas décimas na taxa de juro pode significar milhares de euros a mais — ou a menos — ao longo do contrato. Saber negociar e escolher bem o crédito habitação é fundamental para poupar e garantir condições favoráveis. Neste artigo, vamos mostrar passo a passo como encontrar a melhor taxa e evitar armadilhas comuns.
DICAS
8/17/2025
Saber negociar e escolher bem o crédito habitação é fundamental para poupar e garantir condições favoráveis. Neste artigo, vamos mostrar passo a passo como encontrar a melhor taxa e evitar armadilhas comuns.
1. Entenda os Tipos de Taxa
Antes de iniciar qualquer negociação, precisa de compreender as três modalidades mais comuns:
Taxa Fixa:
Mantém-se igual durante todo o contrato.
Vantagem: dá previsibilidade — sabe exatamente quanto vai pagar todos os meses.
Desvantagem: normalmente começa mais alta que a variável.
Ideal para quem quer estabilidade e evitar surpresas.
Taxa Variável:
Calculada com base na Euribor + spread do banco.
Pode subir ou descer ao longo do tempo, acompanhando o mercado.
Vantagem: historicamente mais barata quando a Euribor está baixa.
Desvantagem: prestações podem aumentar de forma significativa.
Taxa Mista:
Combina um período inicial de taxa fixa (ex.: 5 ou 10 anos) e depois passa a variável.
Vantagem: protege nos primeiros anos e dá margem para beneficiar de descidas futuras.
💡 Exemplo:
Se contratar um crédito de €150.000 a 30 anos com taxa fixa de 3%, pagará cerca de €632/mês durante todo o período.
Se optar por taxa variável de 2,5% (no início), a prestação será cerca de €592/mês, mas pode aumentar ou diminuir conforme a Euribor.
2. Compare Ofertas de Vários Bancos
O seu banco atual não é, necessariamente, a melhor opção.
Utilize simuladores online (como o do Banco de Portugal) para ter uma ideia inicial das taxas no mercado.
Peça propostas a pelo menos três instituições.
Solicite sempre uma Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE) — documento onde todas as condições estão detalhadas e que facilita a comparação.
💡 Exemplo real:
Dois bancos podem oferecer o mesmo spread de 1,2%, mas um cobrar comissões mais baixas, seguros mais baratos ou exigir menos produtos associados — o que faz diferença no custo total.
3. Negocie o Spread
O spread é a margem de lucro do banco e um dos principais pontos a negociar.
Como reduzir o spread:
Ter um bom histórico de crédito (sem incidentes no Mapa de Responsabilidades do Banco de Portugal).
Mostrar estabilidade profissional (contrato sem termo, vários anos na mesma empresa).
Apresentar uma boa taxa de esforço baixa (percentagem do rendimento destinada a créditos).
Aceitar produtos associados que o banco valoriza (seguros, domiciliação de ordenado, cartões).
💡 Impacto no bolso:
Num empréstimo de €150.000 a 30 anos, reduzir o spread de 1,5% para 1,0% pode significar poupar cerca de €25/mês, ou seja, mais de €9.000 ao longo do contrato.
4. Atenção aos Produtos Associados
É comum os bancos oferecerem uma taxa mais baixa se contratar outros produtos — mas nem sempre compensa.
Produtos típicos exigidos:
Conta ordenado.
Seguro de vida e seguro multirriscos.
Cartão de crédito com utilização mínima mensal.
Débitos diretos de serviços.
💡 Cuidado:
Se o banco reduzir o spread em 0,1% mas o seguro de vida custar €200/ano a mais que noutra seguradora, o benefício desaparece rapidamente.
Dica: peça sempre simulações com e sem produtos associados para perceber o custo real.
5. Use um Intermediário de Crédito
Os intermediários de crédito (autorizados pelo Banco de Portugal) podem tratar de todo o processo e negociar diretamente com os bancos, muitas vezes obtendo condições mais favoráveis por terem volume de clientes.
O serviço é gratuito para o cliente — a remuneração vem do banco.
Pode poupar tempo e esforço, além de evitar erros na negociação.
6. Considere Amortizações Antecipadas
Mesmo depois de contratar o crédito, pode poupar anos de juros com amortizações antecipadas.
Parcial: paga uma parte do capital em dívida e reduz a prestação ou o prazo.
Total: liquida o crédito antes do prazo final.
💡 Exemplo:
Amortizar €10.000 no ano 5 de um crédito de 30 anos pode reduzir em vários meses o prazo total e poupar milhares de euros em juros.
7. Compare o Custo Total do Empréstimo
Não olhe apenas para a prestação mensal. Analise:
TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global) – inclui juros, comissões, seguros e outros custos.
MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor) – o valor total que vai pagar até ao fim do contrato.
💡 Exemplo:
Dois créditos com a mesma prestação podem ter MTICs diferentes se as comissões ou seguros tiverem valores distintos.
Exemplo de Poupança Real
Num crédito de €150.000 a 30 anos, reduzir o spread de 1,5% para 1% pode representar uma poupança superior a €15.000 no total do contrato.
Conclusão
Conseguir a melhor taxa num crédito habitação exige pesquisa, negociação e paciência. Cada décima que conseguir reduzir significa mais dinheiro no seu bolso no longo prazo.
Lembre-se: este é um compromisso de décadas — vale a pena dedicar algumas semanas a estudar as opções e negociar as melhores condições.
Comece por pedir simulações, comparar propostas e usar todos os recursos disponíveis para maximizar a poupança.
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