IRC vai descer para 19 % em 2026: impacto para empresas e investidores
Parlamento aprova descida progressiva do IRC para 19 % em 2026 e 17 % em 2028, com taxas especiais para PME. Aprende o que muda e como te preparar.
10/17/2025
Uma notícia recente chamou atenção de empresários, investidores e quem acompanha a economia portuguesa: o Parlamento aprovou, em especialidade, uma proposta para reduzir o IRC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas) de 20 % para 19 % em 2026, com descidas previstas nos anos seguintes até atingir 17 % em 2028.
Além disso, será aplicada uma taxa de 15 % para a primeira fatia dos lucros das PME a partir de 2026.
Vamos ver o que exatamente foi aprovado, quais são as implicações práticas para empresas e investidores, e como te podes preparar para estas mudanças.
O que foi aprovado
Com base na notícia da Agência Lusa e reportagens de órgãos públicos:
Na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), a proposta foi aprovada com os votos favoráveis do PSD, CDS-PP e Chega; o PS votou contra.
A descida progressiva planeada é a seguinte:
• 2026: IRC geral passa para 19 %
• 2027: IRC será 18 %
• 2028: IRC será 17 %Para as pequenas e médias empresas (PME) e empresas de pequena/média capitalização, foi aprovada em especial uma taxa de 15 % para a primeira fatia dos lucros (matéria coletável) a partir de 2026.
Atualmente, essa taxa para os primeiros 50.000 € das PME é de 16 %.
Por que estas mudanças são importantes
Estes ajustes no IRC não são meros ajustes técnicos — têm impacto direto no ambiente de negócios em Portugal. Aqui ficam os principais pontos de interesse:
Redução de carga fiscal sobre empresas
A descida da taxa reduz o imposto a pagar sobre lucros, o que pode aumentar o lucro líquido disponível para reinvestimento, remunerações, dividendos, etc.Incentivo às PME
A taxa menor (15 %) para a primeira fatia de lucros — aplicável às PME — é uma medida de alívio para empresas menores que não operam com margens elevadas e para as quais o imposto pode pesar mais.Competitividade internacional
Ao diminuir o IRC, Portugal torna-se relativamente mais atraente para investimento estrangeiro, empresas multinacionais, ou para a reinversão de lucros locais — tudo isso num ambiente global competitivo.Planeamento e antecipação
Empresas bem organizadas poderão adaptar estratégias de investimento, cronogramas de lucro, reinvestimento ou distribuição de dividendos para tirar proveito das taxas mais baixas.Impacto no Estado / receitas fiscais
Uma diminuição nos impostos sobre lucros significa menor receita do Estado, a menos que compensada por crescimento económico, aumento de base tributária ou corte noutras despesas. Isso gera pressão para que o crescimento económico acompanhe.
Exemplos práticos de impacto
Exemplo A – uma PME com lucros de 100.000 €
Se hoje pagasse 20 % de IRC, o imposto seria 20.000 €.
Em 2026, com taxa geral 19 %, pagará 19.000 €, poupando 1.000 €.
Se a primeira fatia (digamos até 50.000 €) for tributada a 15 %, a poupança é ainda maior nesse tramo, dependendo da estrutura interna da empresa.Exemplo B – grande empresa com lucros elevados
Para grandes empresas, o benefício da descida de 20 % para 19 % pode parecer modesto à primeira vista, mas se os lucros forem milhões, essa diferença representa somas significativas. Além disso, expectativas futuras de descida até 17 % em 2028 tornam o horizonte fiscal mais favorável.
O que empresas e investidores devem fazer agora
Para aproveitar — ou mitigar — os efeitos destas mudanças, aqui ficam sugestões úteis:
Fazer simulações fiscais
Projecta o efeito da diminuição nas tuas finanças: o que muda nos lucros líquidos, dividendos, reinvestimentos.Planeamento estratégico antecipado
Se tens decisões importantes para tomar (venda, investimento, expansão), pondera as datas e considera antecipar ou adiar para maximizar benefício fiscal.Organização contábil e financeira
Assegura que a contabilidade é precisa, e que sabes qual é a matéria coletável, para usufruir corretamente das novas taxas.Considerar reinvestimento versus distribuição de lucros
Parte dos recursos poupados em impostos pode ser reinvestido nos negócios, inovação, expansão, contratação, etc.Acompanhar legislação complementar e regulamentos
A proposta ainda precisa passar por mais etapas legislativas. Fica atento às versões finais, possíveis ajustes ou contrapartidas exigidas pelo Estado.
Possíveis limitações e questões a vigiar
A lei ainda tem de passar por fases finais de aprovação, podendo sofrer alterações ou condições adicionais.
A redução das receitas estatais exigirá compensações (cortes ou aumento de receitas noutras áreas), o que pode provocar pressão noutros impostos ou serviços públicos.
Nem todas as empresas irão beneficiar na mesma medida — depende do lucro, estrutura de capital, margem de operação.
Os efeitos diretos podem demorar a ser sentidos, especialmente nas empresas com menor capacidade de adaptação.
Conclusão
A aprovação da descida do IRC para 19 % em 2026 e a taxa de 15 % para as PME marcam um passo importante numa agenda de incentivo fiscal para empresas em Portugal. Estas medidas podem estimular investimento, dinamismo empresarial e aliviar a carga em empresas menores. Contudo, é fundamental que cada empresa estude bem a sua situação, simule cenários, e se prepare para aproveitar ou adaptar-se às mudanças.
Aviso final
Este post tem caráter informativo e destina-se a esclarecer as mudanças propostas. Não fornecemos recomendações de decisões financeiras. A decisão final deve ser baseada na tua situação particular, perfil de risco e, se necessário, com apoio de um profissional.
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